O papel da indústria na produção de alimentos seguros e na promoção da segurança alimentar

07/06/2023

Por Alexandre Novachi – diretor de Assuntos Regulatórios e Científicos da ABIA

Em 7 de junho comemoramos o Dia Mundial da Segurança Alimentar e da Segurança dos Alimentos, criado em 2018 Organização das Nações Unidas (ONU). E a segurança alimentar depende do alimento seguro. O processamento de alimentos contribui de forma significativa nessa equação, pois, além de proporcionar segurança, reduz perdas e desperdícios de alimentos in natura. Também prolonga a vida útil dos alimentos, permitindo que cheguem aos consumidores até mesmo em locais de difícil acesso e lares em situação vulnerável, sem geladeiras, por exemplo.

Na década de 40, o psicólogo e humanista americano Abraham Maslow publicou um artigo denominado “A Teoria da Motivação Humana”, que ficou mundialmente conhecido pelo nome de A Hierarquia das Necessidades de Maslow ou ainda por A Pirâmide de Maslow.

O que Maslow propõe em seu artigo é que as necessidades humanas (comer, dormir, sexo, trabalho, relacionamentos, prazeres) podem ser distribuídas em cinco categorias: necessidades fisiológicas, de segurança, amor/relacionamento, autoestima e realização pessoal.

Maslow recomenda que, embora a pirâmide seja dinâmica, as necessidades sejam saciadas seguindo sua hierarquia e quando qualquer um dos elementos se modifica, é saciado ou passa a uma situação de escassez, todos os outros níveis da pirâmide são afetados. Por exemplo, uma pessoa que está com baixa autoestima terá dificuldades de reconhecer sua vida familiar e outros aspectos de sua vida, da mesma maneira que alguém com fome terá dificuldades em relação às demais necessidades relacionadas por Maslow: de uma percepção de saúde às questões morais.

Não é à toa que comer é uma das necessidades básicas, que está na base da Pirâmide de Maslow. Nas palavras da Organização Mundial da Saúde: “todo ser humano tem direito a uma alimentação segura, saudável e em quantidade”. É o básico para a condição humana.

A preocupação da ONU em relação a uma alimentação segura, saudável e em quantidade não está associada somente a uma necessidade fisiológica, mas também e como principal preocupação, que essa alimentação seja segura.

A jornada do ser humano ao longo da história da civilização, de coletores e caçadores, passando pelos provadores do rei até os aventureiros que passam longos períodos fora da atmosfera terrestre, está diretamente relacionada a essa necessidade básica e de alto grau de responsabilidade: comer de forma segura.

Embora seja uma realidade que o alimento esteja presente e contribuindo para a realização de todos os níveis da Pirâmide (nas reuniões familiares, na percepção de saúde, nas celebrações de conquistas, na convergência de culturas e até além, nas manifestações de fé), a segurança do alimento é inegociável.

E a segurança do alimento não é um critério moderno, uma tendência. Existem relatos com recomendações e restrições de consumo de determinados alimentos ou mesmo de alimentos em determinadas situações ou condições que se misturam com as origens de povos e culturas ao redor do planeta (quem de nós nunca ouviu uma recomendação de que não “é bom” misturar manga com leite ou como dizem no interior paulistano: “comer isso aí, assim, vira o bucho”?).

E como garantir a segurança do alimento em um mundo – com 260 milhões de pessoas – distante de ter essa necessidade plenamente atendida? Um mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo em transição para um mundo frágil, ansioso, não linear e na maioria das vezes incompreensível? como garantir que o que comemos, como comemos, quando comemos seja absolutamente seguro?

Para garantir que seus produtos sejam seguros para a saúde dos consumidores, ou seja, livre de qualquer tipo de contaminação física, química e biológica, a indústria de alimentos adota as melhores práticas de seleção das matérias-primas e ingredientes, de processamento, embalagem e armazenamento, e segue normas rígidas determinadas pelas entidades competentes. As regras são revisadas periodicamente e a indústria permanece atenta para adequar seus procedimentos, de modo a atender exigências e recomendações nacionais e internacionais.

A Ciência dos Alimentos tem cumprido com esse papel, não apenas de garantir que o alimento seja seguro para o consumo como também que cada uma das etapas de produção cumpra com essa premissa.

Da mesma forma que o alimento está presente em praticamente todos os momentos de nossas vidas, ele tem que ser seguro desde sua produção, do campo à mesa…

A ciência, que não está imune aos interesses do ego – infelizmente, na maioria das vezes tem sido a pedra fundamental que tem balizado a ação de reguladores, produtores e consumidores nessa jornada.

A segurança do alimento, possibilitada pela ciência, permite que questões culturais, regionais, tradições e qualquer outra realidade sejam preservadas e além, compartilhadas, contribuindo para a derrubada de preconceitos e outras barreiras criadas pelo imaginário humano.

Prova disso é o caminho, sem volta, que nosso país decidiu seguir, de se tornar um dos maiores produtores mundiais de alimentos. A indústria produz, em média, 250 milhões de toneladas de comida por ano. São alimentos seguros e de qualidade, e 72% dessa produção é para o abastecimento da população brasileira. Segurança atestada por mais de 190 países do mundo, para os quais exportamos.

Nós já sabemos em que lugar queremos chegar, mas não podemos esquecer que para chegar lá é preciso seguir investindo em ciência, inovação e tecnologia em pró da segurança do alimento, da boa informação, do combate ao desperdício e ao cuidado com o meio ambiente.

Nossa história, como humanidade, tem nos ensinado muitas coisas, principalmente a necessidade de nos reinventarmos, pois nem a ciência, embora senhora de princípios inquestionáveis, é absoluta, porém, por outro lado, algumas coisas não vão mudar nunca ….

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